O trecho abaixo foi retirado do livro Cartas a Théo, de Vincent Van Gogh. Nessa obra, são compiladas cartas que o pintor holandês enviou a seu irmão de 1875 até sua morte, em 1890.
CARTA Nº 195
Haia, abril de 1882
Eis o que penso sobre o lápis de carpinteiro. Os velhos mestres, com o que teriam desenhado? Certamente não com um Faber B, BB, BBB, etc., etc., mas com um pedaço de grafite bruto. O instrumento do qual Michelângelo e Dürer se serviram provavelmente era muito parecido com um lápis de carpinteiro. Mas eu não estava lá, e portanto não sei de nada. Sei, no entanto, que com um lápis de carpinteiro podemos obter intensidades distintas das destes finos Faber, etc.
O carvão é o que há de melhor, mas quando se trabalha muito, o frescor se perde, e para conservar a precisão é preciso fixar sem demora. Para a paisagem é a mesma coisa; vejo que desenhistas com Ruysdaël, Goyen, Calame, e também Roelofs, por exemplo, entre os modernos, tiraram dele ótimo partido. Mas se alguém inventasse uma boa pena para trabalhar ao ar livre, com tinteiro, o mundo talvez visse mais desenhos à pena.
Com carvão mergulhado na água pode-se fazer coisas excelentes, pude ver isto com Weissenbruch; o óleo serve para a fixação e o preto torna-se mais quente e mais profundo. Mas é preferível que eu faça isto daqui a um ano e não agora. É o que digo a mim mesmo, pois não quero que a beleza se deva a meu material, e sim a mim mesmo.
Cartas extraídas do livro Cartas a Théo, L&PM Pocket, 1997, com tradução de Pierre Ruprecht.
As eventuais incoerências linguísticas foram mantidas pela editora para se aproximar ao máximo dos escritos do pintor. Estamos diante de um texto publicado na forma de livro, no qual o autor é um pintor, se referindo ao seu trabalho e aos instrumentos que tinha disponíveis na época. Refere-se a diferentes técnicas de pintura, à forma como a natureza pode ser captada a partir de cada uma delas e, ao mesmo tempo, já trazendo dúvidas sobre o papel do instrumento tecnológico na autoria da obra. Com base neste texto e no que discutimos anteriormente:
1. Destaque as dimensões da cultura, do trabalho, da ciência e da tecnologia presentes nesse trecho da obra.
2. De que forma ele poderia ser incorporado como material para discussão em sala de aula? Em que contexto e com qual objetivo?
Havendo interesse, você poderá acessar todo o conjunto de obras de Van Gogh no site <http://www.vangoghgallery.com/catalog/>.
Tema:
Ensino
integrado: trabalho, ciência,
tecnologia e cultura
Atividade:
Ler
o trecho da Carta extraída do livro Cartas a Théo (p. 26-27 –
Caderno IV).
Escrever texto
reflexivo destacando as dimensões da cultura, do trabalho, da
ciência e da tecnologia presentes nesse trecho da obra e expor de
que forma ele poderia ser incorporado como material para discussão
em sala de aula, em que contexto e com qual objetivo.
Alguém conseguiu responder essa atividade? Muito interessante ela, gostaria de trocar informações.
ResponderExcluirCaderno IV- Tópico 2. Lendo o texto em relação a cartas a Théo de Vincent Van Gogh me fez pensar em muitas questões em relação a minha disciplina escolar, no caso a Geografia. Destaco as seguintes dimensões: Dimensão da Cultura- O que é valorizado em diferentes culturas (povos)? Em diferentes grupos, em contextos históricos e geográficos diferentes? Dimensão do Trabalho- Como se deu o trabalho em diferentes períodos da história e em contextos geográficos diferentes? E o emprego quando surgiu? Dimensão da ciência- Quais contextos geográficos e históricos ocorre uma maior evolução da ciência? Essa evolução atinge a todos? Dimensão da Tecnologia - Qual o papel da tecnologia na contemporaneidade? Como melhorar o acesso aos "países do Sul" Como a tecnologia pode contribuir para a formação do homem ominilateral nas escolas? ( Daniel José Gonçalves Pinto- Geografia)
ResponderExcluirTópico IV- Continuação As dimensões podem ser incorporadas na Geografia em razão dos conteúdos da disciplina. Exemplo; Os diferentes povos nos continentes, em diferentes espaços. Nesse assunto pode ser abordado e contextualizado as dimensões da cultura, ciência e tecnologia.No contexto da contemporaneidade e com objetivo de espacializar e ter uma visão crítica do espaço e suas modificações. ( Daniel José Gonçalves Pinto - Geografia)
ResponderExcluirCaderno IV- Tópico II-
ResponderExcluirNa obra descrita do Livro Cartas a Théo, sente-se que houve uma sensível percepção do Pintor Van Gogh a respeito da utilização de materiais para suas criações. Neste relato permite-se entendermos a dimensão cultural e histórica, onde o pintor retrata uma época e as condições de materiais configurando um tipo de tecnologia acessível deste período. É interessante comentar que, diante do que era disposto como material e tecnologias, a sociedade da época exercitava mais sua criatividade ao compararmos com o que temos a nossa disposição nos dias atuais. Na descrição feita pelo pintor, as várias formas de utilizar o carvão relata de forma explícita a dimensão científica...." com o carvão mergulhado na água pode -se fazer coisas excelentes...o óleo serve para fixação e o preto torna-se mais quente e mais profundo... Todo este desenvolvimento denota o trabalho/ofício do artista que com o passar dos tempos torna -se mundialmente reconhecido.
Isto posto, entende-se que em um contexto de sala de aula é um material a ser discutido com os estudantes pensando dialeticamente todas as dimensões apresentadas: cultural, tecnológica, científica e laboral.
Prof. Denise Régis - Matemática
Prof. Ped. Mônica Soares.
Em primeiro lugar, é importante a reflexão de Van Ghogh "pois não quero que a beleza se deva a meu material, e sim a mim mesmo", sobre a essência de sua expressão. As diversas tecnologias podem ser utilizadas com inúmeros propósitos, mas o primeiro mote para poder escolhê-las é o conteúdo inicial, aquele que necessita de um suporte técnico e tecnológico para ser expresso com fidelidade. Nesse sentido, a clareza do conteúdo é que norteia a escolha dos suportes. Existe no caso da cultura, pessoas como Leonardo Da Vinci que vislumbravam possibilidades que ainda não tinham condições técnicas e tecnológicas para serem realizadas (por exemplo suas invenções), estas precisaram de maior desenvolvimento científico e tecnológico para serem possíveis, como é o caso do helicóptero. Dessa maneira é importante desenvolver com o aluno as capacidades de num determinado contexto cultural, propor uma análise crítica de suas circunstâncias para que possamos também propor um uso consciente e eficiente da tecnologia proposta, assim como ferramentar em termos de conteúdos esses mesmos alunos, para que eles possam sugerir e criar novas tecnologias, realimentando suas práticas culturais. Consideramos que, como afirma Geertz, que a cultura modifica a mente e a mente constrói cultura na mesma medida.
ResponderExcluirDaniele Franco e Cristine C. de Amorim
Trabalho e Cultura manifestam-se nas ações do artista ao reproduzir o mundo em que vive segundo sua concepção, ou pela forma com que os outros a fazem, de tal forma que essas ações têm potencial de influenciar nos costumes, crenças e valores de um povo em uma dada época. Da mesma forma, nossas atitudes e aquilo que propomos nos debates com estudantes refletem, em parte, nossa percepção de mundo, o que acaba sendo mais um referencial onde o estudante encontra subsídios para comparar e avaliar as consequências de cada ação no meio onde vive.
ResponderExcluirA Ciência e a Tecnologia apresentam-se quando o autor da carta destaca as diferenças que podem ser obtidas usando-se materiais distintos; conclusões que puderam ser tiradas a partir do conhecimento e observação de técnicas já conhecidas e que fazem com que o próprio artista vislumbre outras possíveis, mas, que sob seu ponto de vista, podem destituir a genialidade de uma obra do próprio artista. No caso da Física, as duas coisas são essenciais, haja vista que o seu desenvolvimento ao longo dos séculos e nos dias atuais somente é possível graças à combinação entre a fantástica capacidade intelectual de seus mentores e da possibilidade de que suas ideias fossem verificadas experimentalmente, ou, dentro do contexto analisado, do artista e de suas ferramentas.
Albano - Física
Tentar entender o que o pintor Vincent Van Gogh quis dizer em suas cartas para seu irmão é muito difícil. Talvez tenha tentado demonstrar que o mais importante não é a ferramenta e sim, o ser humano que vai manejar a ferramenta. É o ser humano que, empunhando o “lápis de carpinteiro”, vai realizar sua obra.
ResponderExcluirEm diferentes épocas e contextos além de diferentes formas de trabalhar, o que faz realmente a diferença é a genialidade do autor que vai empunhar um simples pedaço de carvão ou um lápis e realizar seu trabalho.
Professor: Elói R. de Oliveira
Tema - Ensino integrado: trabalho, ciência, tecnologia e cultura (atividade 2, caderno IV)
ResponderExcluir"Mas eu não estava lá, e portanto não sei de nada." Esse pensamento, registrado por Vincent Van Gogh, na Carta nº 195, em Haia, abril de 1882, faz-me estupefata.
Pois que, considerando a grandiosidade do trabalho e registros realizados por esse universalmente conhecido e reconhecido artista, aquelas palavras DELE acentuam a sua humildade em reconhecer que se pode saber muito; porém, nunca, tudo.
Observe-se que anterior e posteriormente àquelas palavras, Van Gogh discorre sobre reflexões coerentes ao campo de trabalho que ele mesmo realizou e do qual, portanto, revela ter conhecimentos, obtidos, certamente, da sua necessidade de saber, aprender e apreender o como, o para quê, o porquê relativos aos materiais utilizados por outros e por ele mesmo na realização de seus trabalhos. A leitura, a pesquisa, a reflexão, a feitura, a refeitura e a busca incansável, enfim, do mais eficaz meio de produção fez, e faz, no trabalhador uma ininterrupta e inesgotável sede de saber e, o que sabe, faz o outro saber, possibilitando que essa inerente necessidade no ser humano tenha continuidade, pois desde que o homem (por exemplo: filme - A guerra do fogo, de Jean-Jacques Annaud) começou a transformar a natureza buscando melhorar a própria vida e de quantos com ele conviviam (convivem) passou a produzir e propagar conhecimentos: do rudimentar ao que temos na atualidade - sofisticadas formas de aquisição e desenvolvimento em tecnologia, ciência, trabalho e cultura.
Através de suas próprias concepções expressas em suas obras, o artista consegue influenciar diretamente na vida, nos costumes de sua sociedade. De maneira semelhante, a maneira de como, nos professores, repassamos o conhecimento ao nossos alunos, pode fazer com que eles pensem, analisem e questionem que os permeia.
ResponderExcluirNesta obra, Van Ghogh, demostra a importância da ciência, ao utilizar diferentes materiais, fazendo experimentação, pôde obter diferentes resultados, assim como na Física, muitas conclusões, e diferenciais nas pesquisas, são conseguidas a partir de testes, erros, aperfeiçoamentos, que farão o trabalho final resultar em algo especial.
Dessa forma, esse texto pode servir de inspiração para nossos alunos, perceberem que um trabalho bem elaborado, não foi inicialmente planejado daquela maneira, e sim, resultou de um processo de melhorias e alterações, no qual combinados deu então o resultado final.
Li o texto e dele me sairam algumas reflexões de como utiliza-lo em sala de aula. As conclusões foram as seguintes:
ResponderExcluirQuando o autor cita a frase "se alguém inventasse uma boa pena para trabalhar ao ar livre, com tinteiro, o mundo talvez visse mais desenhos à pena" ele se refere a como a ausência de uma "tecnologia" adequada para aquele momento tende a limitar - de uma forma ou outra - a produção artística daquele período no que ser refere a material e método. Esse é o ponto 1 - Tecnologia.
Logo em seguida ao analisar a frase final do texto: "Mas é preferível que eu faça isto daqui a um ano e não agora. É o que digo a mim mesmo, pois não quero que a beleza se deva a meu material, e sim a mim mesmo" fica claro que o autor conclui que a ausência da técnica adequada não deve - ou não deveria - limitar a arte e o trabalho individual do artista que deve ser reconhecido pelo seu talento e não pelo material que ele utilizou para pintar na ocasião. Esse é o ponto 2 - Produção.
Unindo os dois pontos (Tecnologia x Produção) fica evidenciado a relação entre este assunto e o desenvimento tecnológico da humanidade e sua relação com a preservação do ambiente como um todo.
Dentro da Ecologia, mais especificamente no tópico Sustentabilidade, esse poema pode ser trabalhado nna análise da relação entre produção x conforto x necessidade e todos os contextos éticos, morais e sociais que essa situação engloba.
Van Ghog influenciou uma sociedade, uma época. E, por que não, influencia até hoje com suas obras.
ResponderExcluirMesmo que durante sua vida, Vicent Van Gogh não tenha conseguido vender nenhuma de suas obras de arte, com as tecnologias, ferramentas da época, ele conseguiu revolucionar as artes. Que todo seu processo de conhecimento foi construído lentamente, se transformando até chegar a um ponto ideal.
Com essa compreensão, podemos ter uma visão global da importância das ciências, das tecnologias, que influenciarão nossos alunos a obter resultados melhores me suas vidas acadêmica, profissional e pessoal, se elas forem bem utilizadas, trabalhadas, já que são atualizadas diariamente.
Nós professores temos um papel primordial para com nossos alunos. Pois transmitiremos algumas ideias, experiência de vida, todo um suporte de conhecimentos, para que possam enxergar, pensar e questionar o que é melhor para eles, apesar de sua pouca experiência. Pois independente de suas “ferramentas”, o importante é saber usá-la com perfeição. E hoje em dia, eles nos ensinam, nos dão um banho de atualizações das tecnologias modernas. É uma troca constante, professor & aluno.
1. Destaque as dimensões da cultura, do trabalho, da ciência e da tecnologia presentes nesse trecho da obra.
ResponderExcluirMuito interessante a visão deste grande artista em relação ao uso de novas tecnologias. Ela nos faz refletir sobre a utilização de novas metodologias em nosso trabalho: muitas vezes ficamos esperando dominá-las para utilizá-las, pois temos receios; outras vezes nossa produção seria mais rica se ficássemos apenas "com o carvão"; e as vezes a utilizamos.
2. De que forma ele poderia ser incorporado como material para discussão em sala de aula? Em que contexto e com qual objetivo?
Ele poderia ser incorporado observando como a simplicidade pode chegar a grandes obras. Imagine na química, final do século XVIII. Pouca tecnologia existia, mas mentes estavam presentes: Dalton imaginando a organização dos átomos; Thomson descobrindo a existência dos elétrons; entre outros.
Prof.a Barbara (Química)
A questão cultural é evidenciada através dos resultados das modificações e aprimoramento realizado. No que se refere ao trabalho – confecção de obras nas diferentes concepções exemplificada através da transformação do carvão em grafite e depois em lápis . A ciência é expressa quando se fala das diferentes técnicas de pintura usando carvão, grafite bruto, lápis de carpinteiro, e por fim a tecnologia é abordada quando é dito por exemplo: A pintura das paisagens com carvão imerso no óleo. O trecho da carta pode ser incorporado como material de sala para discussão em diversos momentos: Através da leitura, debate, interpretação, contextualizando o trabalho e a evolução do homem, o desenvolvimento racional, intelectual e social. Na temática meio ambiente quando tratam da questão do desmatamento, problemas das queimadas, trabalho escravo. Na Química quando é analisada a composição dos materiais, etc.....
ResponderExcluirNilton Cezar dos Santos