O
filme é o retrato da ação pedagógica do Professor François com
uma turma de adolescentes entre 13 e 15 anos. Ambientada em uma
escola pública de Paris, sua trama acompanha o cotidiano dessa
turma, focando a relação dos alunos com o professor e os métodos
utilizados por este para tentar contornar os inúmeros conflitos que
surgem a cada instante. O roteiro adquire um tom quase documental ao
retratar a sala de aula sem qualquer tipo de maniqueísmo. Em seu
desenvolvimento ficam evidentes erros cometidos tanto pela escola,
quanto pelo professor e pelos estudantes. O professor é um
apaixonado pela arte de educar, sua determinação em fazer com que
cada um dos alunos tenha condições de subverter o determinismo de
suas vidas é louvável, porém, em dados momentos, o que ele faz
parece inútil, uma vez que os resultados de seu esforço não são
tão perceptíveis. Nesse quesito, a sua angústia ao sentir-se
incapaz diante da turma que coordena parece quase palpável em
diversos momentos. A
classe que o filme acompanha é uma miscelânea de etnias, estilos e
crenças, podendo ser considerada um reflexo da população francesa,
composta em boa parte por imigrantes. Neste curioso microcosmo é
possível ver estampados o preconceito contra o diferente, a
desigualdade social e principalmente a violência, que insurge como
uma resposta dos adolescentes às duras realidades em que vivem. É
interessante perceber que mesmo o professor, que poderia ser visto a
princípio como o herói da história, acaba também sendo vítima
das divisórias invisíveis que aparentam manter cada um dos
personagens segregado dos demais. A trama se mantém firme em seu
propósito de funcionar apenas como um recorte social, isento de
verdades absolutas e incapaz de apontar soluções fáceis para os
problemas expostos. A
intenção do filme não é a de se posicionar como uma crítica ao
sistema educacional, o que ele faz é tão somente criar um recorte
realista do modelo pedagógico adotado pela escola, que é semelhante
ao trabalhado em inúmeras instituições de ensino brasileiras.
(Baseado
em J. Bruno,
http://sublimeirrealidade.blogspot.com.br/2013/03/entre-os-muros-da-escola.html)
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