sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

FILME 2: Minhas tardes com Margueritte



Germain é um cinquentão quase analfabeto, aparentemente bruto e rude que convive, desde a infância, com a intolerância. Marguerite é uma senhora de mais de noventa anos apaixonada por livros. Um dia, por acaso, ele senta ao lado dela em um banco na praça. Ela recita em voz alta versos dando assim, a ele a chance de descobrir a magia dos livros, que nunca fizeram parte de sua vida. A partir desse dia, religiosamente eles se encontram para a leitura e aos poucos ela o traz para o mundo das palavras. Mas Marguerite está perdendo a visão e pelo carinho e afeto que serão criados dessa relação, Germain aprenderá a ler, para mostrar que pode fazer, quando ela não puder mais. O filme trabalha a amizade e a relação livro-leitor. O cenário de cidade do interior francês e o tema são fatores que chamam a atenção. O encantamento com a possibilidade de interlocução, o afeto e suas várias formas de expressão são as entrelinhas que costuram a narrativa. Desses elementos pode-se compreender como ocorre a construção e elaboração de crenças, comportamentos, atitudes, valores, opiniões e hábitos do cotidiano na vida do ser humano. Baseado no livro de Marie-Sabine Roger e dirigido com simplicidade e sensibilidade por Jean Becker, o filme se desenvolve em torno do improvável encontro dos dois, mas também a partir das lembranças de infância de Germain, de seu namoro com alguém que o compreende, de seus amigos no cotidiano da pacata cidade em que vive. Minhas tardes com Margueritte é um filme que fala das diferenças que, mais que atrair, complementam as pessoas. As vidas, envolvidas nas tramas e tragédias da própria história, expõem-se nos limites e nas possibilidades de busca pelo melhor de si.

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